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Barrados nos Serviços Estrangeiros e Fronteiras

por Pineapple com açúcar, em 21.06.17

Chegamos às Bermudas!

Ao chegar à nossa vez no controlo dos passaportes lá explicamos que vínhamos para a casa de família e que não sabíamos a morada. A senhora com ar calmo e com aspecto de quem nos ia mostrar a saída, coloca-nos numa sala de espera. Na parede encontrava-se um enorme mapa da Bermuda e se fosse eu a mandar naquilo tudo, colocava um placard ao lado a dizer "this is Bermuda, the island that you might not see if you carry something illegally with you."

Dentro do escritório, comumente, conhecido pelos nossos imigrantes como "ofa" (office), estava um senhor de porte considerável grande, com uma voz considerávelmente potente, a tratar de assuntos considerados importantes. Por cima da sua cabeça tinha uma ventoinha reproduzindo perfeitamente o programa "presos no estrangeiro".

Peguei no JM e disse " João Maria, olha bem para a mamã. Trouxeste alguma coisa que a mamã não saiba? Tipo, bolotas no estômago, cintos de cocaina à cintura, plantas invasoras, tabaco falsificado? Estás a pensar vir trabalhar sem contrato, abrir alguma conta, qualquer coisa!??

Pronto, então agora podes parar de fazer ar de delinquente. Isto não abona a nosso favor, ok? Vá lá, a mamã está a pedir.

Oh, toma uma banana." Ninguém consegue ter ar de rufia a comer uma banana, pelo menos eu acho...

"Next", chamou o senhor com ar jamaicano.

Explicamos a situação e dissemos que os familiares estariam à nossa espera lá fora. O senhor disse que iria chamá-los pelo microfone e eu pela minha experiência em aeroportos sabia que a probabilidade de alguém, que não vai viajar, perceber o seu nome no altifalante, pronunciado por estrangeiros era quase impossível.

Aí eu disse " preparem-se família que vamos de volta para Portugal, não se desarruma as malas nem percam o sorriso, que mal a gente aterre em São Miguel, vamos directos para a Ribeira Quente e Furnas. Querem água quentinha, mamã dá água quentinha. João Maria say bye bye to Bermuda."

Bem dito bem certo, ninguém se acusou.

"Do you have a phone number to call?"

Sim tenho um número de telefone, claro, mas é que nem penses que eu vou activar os dados móveis! Eu vim de Portugal, POR-TU-GAL, não ganho 30 "dollas" à hora, não tenho conta desviada para esse paraíso fiscal. O dinheiro está todo contadinho, por isso não esperes que vá gastar uma saca de dinheiro em telefones só porque o senhor acha que temos ar de quem vem espalhar a delinquência.

Devia ter trazido o vestido de noite, com o lenço amarrado ao pescoço, óculo de sol e lábio vermelho e àquela hora já eu estava a dar cavirotas numa praia qualquer.

Isto era o que eu queria ter dito mas, basicamente, mostrei-lhe o número no telemóvel e fiz ar de atrasada mental. Estive quase quase a babar-me, mas entretanto ele já estava a digitar o número no seu telefone.

Uff que sorte, olhei para os rapazes com ar de "se não fosse eu e o meu ar perfeito de atrasamento mental, já estávamos sem orçamento até ao natal de 2019.

A minha mãe atendeu e lá se resolveu a situação, disse umas graçolas, rimo-nos todos e ala que nos pusemos na alheta. Fui logo trabalhar sem contrato, só para me vingar da imigração. Foi mesmo ali no aeroporto, pus-me logo a arrumar carrinhos e a pedir "dollas".

Vi a minha mãe que foi um consolo muito grande no coração, mas consolo maior foi vê-la a consolar-se com o neto. Não há amor maior e mais bonito.

Entretanto a aventura já estava a rolar e como nos acontece sempre coisas que não lembra ao diabo mais novo, há muita coisa para contar...

Entretanto deixo-vos uma foto do Little Pineapple a brincar ao jogo "sou rapper delinquente."

Foi por causa deste ar que fomos barrados... De certeza absoluta!

 

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Estamos de viagem

por Pineapple com açúcar, em 13.06.17

Finalmente chegou o dia de nos pormos na alheta.

Até ao dito dia estás sempre a pensar que alguma coisa vai acontecer e alguma coisa é o quê?

É que o pirata apanhe alguma mazela e nos trame as férias. Por isso, na recta final estava eu sempre a perguntar,

"vê se ele está quente, achas que é febre? Vê se tem borbulhas."

Até à data tudo ok, só uma intolerânciazita à lactose que foi rapidamente controlada.

Começamos muito bem, só com um pequeno percalço chamado "voo cancelado".

Sem stress, vamos no dia a seguir, o importante é que estamos de férias e que se é para acabar o mundo que seja quando estivermos de férias. O importante é o espírito em que se leva a coisa.

No dia a seguir lá fomos nós todos animados rumo aos states.

O JM tomou, sem a nossa autorização, alguma substância ilícita que provoca safadez, hiperactividade com um toque de malcriação e desfadamento. O rapaz virou. Eu não sei, mas se me pedirem para fechar os olhos e visualizar o Hitler com 16 meses eu fecho e vejo um Little Pineapple com bigodinho a impor a sua vontade por todo o lado.

Andou a viagem toda a meter-se com as assistentes de bordo, a fazer palhaçadas, a achar-se engraçadinho, a dizer não a todas as minhas ordens. A querer ficar em pé quando deveria ficar sentado, a querer ficar sentado quando deveria andar e se já falasse aposto que diria qualquer coisa como "eu quero que a rua sésamo vá para o raio que a parta."

Se calhar é a ausência de lactose que o enche cheio de vontade própria, cheio de dono de si, cheio de confiança.

Truque de viagem número um:

Munires-te de bananas e pão. Só com bananas e pão é que ele sossega.

Ao chegarmos a Boston lá fomos nós sem carrinho de bébé com ele ao colo para a fila interminável dos passaportes e da alfândega, por cá, país magnífico, este topo do mundo, não há prioridades para bébés, deixam isto para a recôndita e velha Europa.

Ao sairmos do aeroporto estavam nada mais nada menos do que 9 graus. Frio pra cacete e o nosso transfer só nos poderia vir apanhar dali a uma hora. Uma hora a rapar frio e a tirar beatas das mãos do JM, sim ele cata tudo o que é lixo e sim ele continuava em modo "electric Pineapple". O transfer chegou mesmo a tempo de eu não me passar com as malditas beatas. 

Estava carregado de bombeiros brasileiros, peruanos e outros que mal consegui decifrar, o cansaço já se tinha apoderado de mim desde o primeiro minuto da viagem. Preparar, prever, organizar as tralhas de uma viagem com uma criança caaaaansa muito. Toca a despachar que no dia a seguir partiríamos para as Bermudas, para o sol e calor.

A viagem demorou duas horas, o que acaba por ser peanuts para quem vem de uma de quase seis horas.

Ao aterrarmos nas Bermudas, saímos do avião e primeira constatação:

Bafo! Humidade absurda com temperatura absurda, igual a calor demoníaco.

Segunda constatação:

Dão prioridade às crianças, o que faz toda a diferença para quem carrega piolhos eléctricos e jet legados e cozidos do calor.

Ao preencher os papéis alfandegários percebi que não sabia a morada que iríamos ficar. Disse: " inventa uma."

" Não, digo que vamos ficar em casa de família e verás que não há problema." Respondeu o pai da criança.

Eu só queria chegar ao destino, ver e almoçar com a minha mãe...

Tinham-nos dado prioridade e tudo... só que...

Continua...

 

 

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