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O Diabo da tasmânia à solta e uma meia leca de mãe!!

por Pineapple com açúcar, em 13.07.17

Hoje pela manhã tive o Diabo da tasmânia em casa. Para começar, assim logo pela fresca, horário em que ainda estás a esforçar-te para coordenar todos os membros existentes no teu corpo, aparece-me vindo do lixo com uma cápsula de café na boca. Ficamos muito satisfeitos com o facto de ele já saber ir por o lixo no lixo, no entanto, há sempre o outro lado da moeda, de vez em quando ele vai ao lixo retirar lixo, só porque sim. De seguida retirou da estante todos os livros técnicos do pai, criando o risco de haver um cataclismo cá em casa. Lá fui eu toda apressada arrumar os livros, com bastante mais pressa do que quando o vi de cápsula de café na boca. Foi à casa de banho e atirou o brinquedo para a sanita, não estando satisfeito atirou a bola à banheira, não estando satisfeito, tirou todo o frasco existente na berma da banheira para o fundo da banheira. Não estando satisfeito desenrolou um rolo de papel higiénico, mas aí já fui a tempo de evitar mais um desenrolamento completo. Entretanto, tirava-o da divisão e reduzia o cerco. Fui retirar a roupa da máquina e quando dei por mim já tinha umas três peças enfiadas por uma nesga de janela aberta, em que duas delas eram brancas que nem a cal e já jaziam no chão porco da varanda. Para arrematar decidiu testar os meus limites e mesmo vendo a cara mais feia de todos os tempos, porque eu já estava CEGA e MOUCA, uma mistura de Odete Santos, Maria Vieira e a bruxa da pequena sereia, ele achou que poderia derrubar as três cadeiras da cozinha. Peguei nas mãos dele e de forma firme gritei-lhe que não. Ele, parado com a cabeça baixa a olhar para mim, fazendo com que ficasse com pena, até que em câmara lenta, sempre a olhar para mim, atira a quarta cadeira com toda a força. Peguei-lhe nas mãos e de forma firme disse-lhe que não e que iria ficar de castigo. Pela primeira vez iria executar esta enorme tarefa que é mete-lo de castigo. Bolas não tinha tido tempo de pensar nos pormenores, mas a hora era aquela, não podia voltar atrás, o Diabo da tasmânia ia ficar de castigo. Enquanto pegava nele esbaforida lembrei-me que tinham-me dito, "tens de selecionar um canto da casa com uma almofada e é aquele canto que será o canto do castigo", olhei para os cantos da sala e não tinha nenhum disponível, não tinha tempo para elaborar um projeto e deixei-o em frente à estante. Ele lá sentadito a chorar, com aquelas lágrimas a rolarem pela cara a baixo e o meu coração a encolher, encolher, encolher, até que percebi que o tinha colocado em frente aos seus brinquedos, mesmo em frente à zona de brincar. Basicamente, o que eu quis dizer foi " visto que estás a ser um malcriado de primeira e que daqui a usares navalha no bolso, estraçalhando toda a gente, vai um piscar de olho, vou ter de te colocar de castigo. Estás a ouvir meu menino CASTIGO... vou por-te de castigo... a brincar, vá agora brinca para aprenderes!" Eu sentada de coração que nem uma uva passa a pensar: " sim senhora, que rica agente de autoridade me saíste, tu és um show de mãe, um espetáculo", nisto ele já estava de livros na mão e peças de Lego em riste. Deveria estar a pensar " Uahahah vou conquistar o mundo!" Até que o meu outro ser, aquele que vê sempre o copo meio cheio pensou: " ele vai para a creche, só o vês às 3 da tarde, também não podias deixar o miúdo ir neste estado. Para a próxima fazes melhor." Peguei nele e disse, " vá, pede desculpa à mamã e dá um abraço e beijo ( já o agarrando e afagando todas as dobras e banhocas existentes naquele mini corpo de diabo da tasmânia versus pequeno hitler versus pequeno Pineapple mais doce)", ao que ele responde com o ar mais doce de " i dont care, i love it... i dont care 🎵🎶" Siga rumo à delinquência...

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Cólicas, dentes e sono

por Pineapple com açúcar, em 08.03.17

Nesta tenra idade há três fases pelo qual todos os pais e crianças passam. Todos!

Fases estas que têm uma resposta universal para todos os problemas.

 

Primeira fase: cólicas.

 

O rapaz nasce e ainda mal viu a luz do dia já ouve inúmeras vozes a dizerem... "coitadinho, são cólicas!". Ao mínimo choro agonizante vêm logo os pingos cor de rosa acompanhados com massagens abdominais. O rapaz pode estar morrendo de fome, agoniado com calor ou frio, infernizado com uma etiqueta, comichões e milhões de outras hipóteses que há de imediato resposta para o problema, "coitadinho, cheio de cólicas."

O JM na maternidade rodou com aquelas perninhas de esparguete, levou com cada massagem abdominal que à força tinha de se largar.

Até aos três, quatro meses tudo girava à volta do seu intestino. Se gritava com mais afinco, se se mostrava mais inquieto,nse o choro fosse prolongado, se ficasse vermelho, se ficasse irritado, se não dormia, se não comia, se fazia cócó ou se não fazia cócó, de imediato tínhamos a resposta para o problema, "São cólicas".

A verdade é que a maioria das vezes deveriam ser mesmo cólicas, ou não... vai se lá saber como?

Mas, que é reconfortante e apaziguador termos um nome para toda as nossas catástrofes, lá isso é.

A coisa encarreira com a introdução das sopas e papas, dizem todos, o que também é altamente reconfortante ter um tempo limite para as ditas catástrofes.

 

A segunda fase: Os dentes.

 

A partir dos três, quatro meses vem a saga dos dentes. Ele baba-se normalmente, é para os dentes, ele baba-se à laia de cascata de Niagara Falls, é para os dentes, ele tem a pele seca, é para os dentes, ele tem borbulhas, é para os dentes, tem tosse e ranho, é para os dentes, ele não dorme, é para os dentes, ele tem febre, é para os dentes, caga muito, é para os dentes, caga mole é para os dentes, não caga, é para os dentes, rabo assado, é para os dentes, acorda a meio da noite, é para os dentes, não come, é para os dentes, faz birra, é para os dentes. Rebola, faz o pino, dá três cambalhotas e duas piruetas, é para os dentes. O PIB cai para metade, o défice sobe para 4%, e o aquecimento global acelera, "é pós dentes".  Tudo é dentes

 

Terceira fase: tem sono.

 

A terceira fase coincide com a fase da vontade própria. Com a fase em que eles começam a fazer as birras, birrentas, birronas e é uma fase que perdura até idade incerta.

Quando eles gritam desalmadamente porque querem o telemóvel ou outra coisa qualquer, há logo um elemento familiar que se apressa a responder "ele está cheio de sono", quando atiram tudo o que têm à mão, é porque não dormiu à tarde e está cheio de sono, quando não quer saltar para o colo de ninguém, é porque está cheio de sono, quando distribuem chapada velha e pontapés, é porque estão cheios de sono, quando esperneiam que parecem saídos de um filme satânico, é porque estão cheios de sono, quando recusam-se a dar o beijinho àquela vizinha velhinha e reclamam que o queixo dela pica, é porque estão cheios de sono, quando chamam nomes como " cheiras a cócó", é porque estão cheios de sono.

Toda a birra de malcriação, que, atenção, têm todos, é logo associada à falta daquela sesta milagrosa.

O rapaz fuma, rouba, droga-se, alista-se no estado islâmico, vai às manifestações nazis, tatua a cruz suástica, faz parte de claques hooligans, maltrata animais, mulheres, homossexuais e imigrantes e... "sabem, é que ele não dormiu nada de tarde e depois dá nisso. Ele está cheio de sono."

O meu está na fase dos dentes e do " cheio de sono".

Aqui está está ele cheio de sono e quiçá devido ao nascimento de algum dente a chorar (fazer birra) para apanhar o telemóvel.

 

Coitadinho... Cheio de sono.

 

 

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