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A maternidade abordada em tom humorístico, no meio do Atlântico, por um casal em que a experiência neste mesmo assunto é nula. O objectivo é relativizar o difícil e complicado e rir, rir muito...
A tua primeira viagem... Furnas. Dá-te por contente que à duas semanas atrás mal saias do quarto.
Quando se quer fugir da rotina e ter um fim de semana diferente vai-se para as Furnas. Uns alugam casa, outros vão para o hotel e há quem vá acampar.
Come-se o cozido ou o hamburguer, toma-se o banhinho no terra nostra ou na Poça da Beja, visita-se as caldeiras, tira-se uns retratos para o face, compra-se uns bolos lêvedos e tá feita a festa. Toca a ir para a cidade com a sensação de se ter feito uma viagem ao estrangeiro.
Todos os anos por esta altura o teu pai e tua mãe comemoram mais um ano de ajuntamento,de "amantizamento", de "amegamento". Teu pai e tua mãe estão "amegados", vivemos em pecado há onze anos. Que pecado.
Passamos a noite fora e este ano o teu pai reservou-nos uma noite no Terra Nostra.
E agora, temos um bébé, como é que se viaja com um bébé?
Calma. Muita calma nessa hora que aqui a mãe já vos ajuda com as regras mais básicas de se viajar, cá dentro, com um bébé.
A palavra de ordem é o minimo.
Minhas queridas tem de se ser muito prático e levar, somente, o básico.
Comecei logo por alugar uma carrinha de caixa aberta para poder levar o básico. Também podem alugar um camião ao italiano, mas como sou muito prática, a carrinha foi suficiente.
Levei o berço, a banheira e o balde, a poltrona onde o amamento, não vá o leite secar, cinquenta e nove biberões, dez pacotes de fraldas, vinte de toalhitas, a cómoda com a roupa, assim evita-se levar umas quatro malas, temos de ser práticos senhores. A máquina do leite (sim,o pai mandou vir uma "nespresso" do leite"), nove latas de leite, duas mantas regionais, um cobertor com o cavalo estampado e pronto, não se pode levar tudo, há que selecionar.
O bom das Furnas é não ter que levar esterilizador. Leva-se uma saca de fardo daquelas iguais às das maçarocas, coloca-se os biberões lá dentro e atira-se para uma caldeira. Num minuto fica tudo esterilizado.
Convém ir um senhor em cima da carrinha aguentando os móveis por causa das curvas. É legal, desde que vá de colete reflector.
Já lá vai o tempo em que saltava tudo para a carrinha enfeitada de novelões, sem cintos, sem medo de rachar cabeças, a saltar e a gritar nas lombas, a demonstrar a proeza de andar em cima da carrinha sem mãos, no meio da caixaria numa verdadeira actividade de equilibrio e se o adulto estivessse bem disposto ainda dava umas guinadas com a carrinha e nós gritavamos histéricos de felicidade.
Era a vida nos anos oitenta.
Feita a mala, só com o essencial, o básico, é só fazer o check in e rezar para que não se tenha esquecido de nada.
Não nos esquecemos, levámos tudo e portaste-te tão bem. Rico filho.
Fomos jantar fora e dormiste todo o jantar, fomos passear no jardim e dormiste todo o passeio, fomos tomar o pequeno almoço e dormiste todo o pequeno almoço, fomos tomar café e dormiste todo o café, viemos para casa e dormiste toda a viagem e agora dormes que nem um anjo.
Moral da história, uma pinguinha de vinho do porto no leitinho resulta que consola.
Foi um fim de semana em cheio, com amor a triplicar e muita alegria. Os pais chegaram a casa de alma cheia, felizes.
Estás cada vez mais fofo, a sorrir cada vez mais, a esboçar sons de felicidade, já queres interagir... ah que consola.
Mesmo assim soubeste acordar a mãe às três da manhã para comer. Nos hóteis dorme-se a noite toda...para a próxima já sabes...
Gostaste tanto das Furnas que trouxeste um bom bocado dela contigo.
Isto é que é um enxofre.
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