Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A maternidade abordada em tom humorístico, no meio do Atlântico, por um casal em que a experiência neste mesmo assunto é nula. O objectivo é relativizar o difícil e complicado e rir, rir muito...
Daqui uns tempos vou explicar ao meu filho que existem monstros, dragões e fantasmas... fantasmas não, porque da maneira que sou ainda acredito na minha própria invenção e depois lá se vão litros de água benta pela casa fora.
Não, fantasmas não, mas monstros e dragões sim... os dragões e monstros são altamente educativos, isto se os dissermos que eles só desaparecem se eles e só eles aspirarem o seu quarto, pelo menos uma vez por dia, claro que quantas mais vezes melhor, que isto de lidar com monstros e dragões não é brincadeira, a tarefa estende-se pela casa toda, não vai um ou outro malandreco cirandar pela casa.
Qual homem do saco, da saca, qual polícia, qual rachado e serafim gaiato, qual homem estranho de todas as aldeias espalhadas por este país... comigo o que vai funcionar mesmo são os monstros, dragões e a Maria leal também pode ser!!
Esta coisa de se educar uma criança tem muito que se lhe diga. Com a notícia da viagem selvática de finalistas, brotou outra vez em mim a ansiedade da responsabilidade de educar uma criança para este nosso mundo. Parece que estes novos seres já vêm com alterações genéticas que nós, povo dos anos 80, não tínhamos. Adoram tudo o que é informático/electrónico desenvolvendo capacidades um tanto ou quanto alienígenas. Quando eu vejo o dedo do meu filho a colocar e tirar coisas no iPad procuro de imediato a nave mãe no céu... eu sei eu sei, não era suposto o miúdo estar a mexer nestas coisas, mas o que é que querem as avós estão fora do país e precisam de comunicar com a criança. À parte disto, parece também que estes miúdos de hoje em dia desenvolvem uma personalidade ditatorial. Na creche usam muito uma expressão para o caracterizarem, "ele tem uma personalidade muito forte", que é o mesmo que dizer que ele é teimoso que nem uma porta, mas é sempre bonito não ferir a susceptibilidade de uma mãe. Uma pessoa percebe que tem de começar a impor regras com mais afinco, " como é isso agora? Pensas que já mandas ou o quê?", dizemos todas nós com a esperança que ele retenha o tom imperativo e que se mije todo de nervos. Mas... já lá vai o tempo em que um simples olhar fazia com que deixasses um selo nas cuecas. Estava eu no outro dia a dar-lhe o almoço, já com os minutos todos contaditos para ir trabalhar até que o pequeno líder com uma ira desgraçada, porque eu estava a fazer com que pegasse na colher sozinho, atira a colher e comida ao chão. Peguei no prato e disse "agora não comes". Liguei de imediato para o meu patrão, " sim, patrão? Olhe, é para avisar que vou chegar mais tarde e é se chegar, porque se não conseguir domar a criança ainda hoje, vou ter de faltar. É que o meu filho acabou de me atirar comida ao chão com toda a sua ira, ora, nós não queremos viver numa sociedade de delinquentes, pois não? Por isso, não posso deixar o castigo a meio. Ele tem de perceber que quem manda sou eu, que não se atira comida ao chão e que não é admissível esta raiva toda num corpo tão pequeno. É que depois vão para as viagens de finalistas, partem os andares todos e depois é, "ah e tal os pais não os educam, são uns incompetentes, mal criados, umas bestas quadradas." Não estou para isto, que eu sou uma mulher que preza muito a boa educação, a moral e os bons costumes e nós, sociedade civil, não queremos delinquentes, certo?" Resumindo e concluindo, o JM atirou a colher com toda a força e eu peguei no prato e disse "Agora não comes mais", olhei-o por 30... segundos e disse " vá lá João Maria come que a mamã tem de ir trabalhar e sim a mamã dá-te na boquinha para ser mais rápido." É assim... uma alegria a criar delinquentes.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.