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A maternidade abordada em tom humorístico, no meio do Atlântico, por um casal em que a experiência neste mesmo assunto é nula. O objectivo é relativizar o difícil e complicado e rir, rir muito...
A minha ausência prende-se com o facto de estar a preparar a festa do primeiro aniversário do Little Pineapple e de ter sido apanhada por esta vaga de viroses/ gripe/tosse/dor de garganta/ trabalhar por turnos e/ter roupa que nunca mais acaba para cuidar.
Os preparativos para a festa é que têm me deixado sem uma pinga de tempo, é que nem para me coçar tenho tempo. " ah tenho comichão na ponta do nariz... esquece! Não há tempo para isso. Coça-se para a semana." Viver num país burocrático e subdesenvolvido também não ajuda, licenças para a frente, licenças para trás, reuniões aqui, reuniões acoli.
Uma estafa... Já tive de fazer e refazer, de pensar e repensar esta festa umas mil vezes.
Inicialmente estava tudo a postos para ser no Meo Arena, Lisboa, mas há última da hora devido aos inúmeros imprevistos vi-me obrigada a cancelar o evento. Já tinha bandas e espetáculo tudo a postos com a Roberta Medina à frente da organização e os entraves não paravam de chegar, ou era a Rua Sésamo que não poderia estar toda presente, ou era os marretas que não estariam disponíveis aquela hora, ou era o Julio Isidro que não podia apresentar mais a Serenela Andrade, ou era o António Sala que não podia apresentar a Filha da Cornélia, foram pais histéricos a cancelarem a vinda dos filhos à festa devido à apresentação do 123 estar a cargo do Carlos Cruz... enfim. Deu-me os nervos e mandei tudo pro inferno.
Terminei com o plano 1, de uma festa infantil retro, super anos 80 com o Denver the last Dinossour, Tom Sawyer, o Boi Bocas e o panda Tau Tau e passei de imediato para o plano 2, que também era bastante ambicioso.
Preparar uma espécie de festival Boom ou um Andanças infantil, mas uma coisa em grande com cogumelos mágicos, LSD, ácidos e outras drogas que nos dessem a possibilidade de brincar durante horas, com cubos e bolas, sem acharmos aborrecido, podermos babar-nos sem pudor, bem como cantar e dançar sem ritmo algum, ver dragões e unicórnios com os nossos filhos e entrar, assim, de forma genuíno, no mundo deles. Seria uma viagem e tanto.
Tive de descartar o plano 2 porque vieram-me dizer que estas drogas são ilegais. Quer dizer, uma pessoa arranja forma de passar uma tarde didática com os miúdos e num instante vêm com regras estúpidas de "Ah é ilegal o consumo de ácidos e de cogumelos mágicos no nosso país".
Mentes tacanhas, sabem?!
Toca a desmontar as tendas com os puffs e as imagens psicadélicas dos pastos espalhados pela ilha. Coisas lindíssimas!!
Apetece fazer alguma coisa nesse país? Não apetece, não é?
Passei para o plano número 3 que basicamente consiste em um bolo com uma vela, uns petiscos e a família e amigos próximos como claque para o primeiro sopro de vela.
A verdade é que eu acho que o primeiro aniversário deveria ser uma festa para os pais e ser festejado de forma efusiva pelos mesmos. Deitar o rapaz e com um beijinho dizer " vá, agora dorme que a mamã e o papá vão festejar o teu aniversário."
Um jantar regado com um bom vinho, bastante vinho, do bom e depois gritar com toda a força pelas ruas da cidade, "conseguiiiiimos, sobrevivemos ao primeiro ano intactos", ajoelhares-te na calçada portuguesa de lágrimas nos olhos e de olhos postos no céu continuares a gritar até não conseguires ouvir mais as buzinadelas dos carros, aí levantas-te e corres depressa para casa para ver se ainda dormes umas quatro horinhas antes do pequeno imperador acordar.
O bom das festas de um ano é que há videos e fotos para mais tarde recordar, caso contrário seria inútil está trabalheira toda.
Apesar de tudo, da canseira, dos planos 1 e 2 furados, será, com certeza, um dia muito feliz, como todos os outros 365 dias.
Ele não se cansa de mostrar a sua meia dúzia de dentes. Não se cansa de tomar banho e não se cansa de ser fofo... Todos os dias.
A hora do banho é hora de festa.
Quando era criança havia três datas que me faziam riscar o calendário, eram três datas que me davam insónias na véspera de tão entusiamada.
As datas eram o meu aniversário, o Natal e as festas da Nossa Senhora dos Anjos.
As festas em pleno Agosto, em pleno mês de férias, mês de praia e sol eram de uma alegria imensa. A chegada dos aviões e dos carrinhos das "estacadas" eram a prova de que a festa ia mesmo mesmo começar e que alegria era vermos eles acampados em pleno pasto. Vê-los montarem o estaminé com uma destreza e rapidez, a mesma com que desmontavam em rumo à próxima festa de aldeia. De tempos a tempos havia o rumor de que os carrinhos não viriam naquele ano. Que dor, que angustia, festa sem "carrins" não era festa e quando os viam chegar, faziam a notícia voar em menos de dez minutos em cada casa da freguesia.
A próxima grande tarefa era colecionar o maior número de fichas e senhas para serem utilizadas em todos os dias da festa.
Tinhamos roupa nova, roupa nova para os três dias, mas antes já se tinha gasto litros e litros de lixívia a lavar a casa de cima abaixo, a arear todo o canto e soleira da casa. Casa que não era "escabelada", não era casa digna da festa.
À noite vai-se para a festa de calças para esconder os joelhos negros de tanta carpete lavada, dedos das mãos quase sem tocos de tanta palha de aço usada e muitas vezes, completamente, estouradas de tanta batata descascada e casa "escabelada".
Faz-se tabuleiros de carne assada, bebe-se muito vinho doce e muita fruta. Come-se que nem "leãs".
Tinhamos o ritual de ir comprar à praça fruta e loicinhas de barro na manhã do dia 15 de Agosto. Uvas e melancia da caloura eram as escolhidas, aquelas uvas que malham a roupa e que dão direito a puxão de orelha... Malhar a roupa da festa era estar, verdadeiramente, em maus lençóis.
À noite era pegar no dinheiro amealhado o ano inteiro e criar uma lista de prioridades.
Primeiro pipocas, depois algodão, depois ir à senhora das "arregolas" com o ajudante drag queen, depois ir à máquina que lê a mão, depois "aviãs", depois "carrins", depois tremoços, depois gelado na praça, depois bilhetes no bazar, depois ir levar a jarra ganha nos bilhetes do bazar à mãe e pedir dinheiro para um cachorro que ainda não se comeu nada hoje.
Enfim... Aquilo era uma azáfama, andávamos sempre em estado histérico e àvido para não perder nem um bocadinho do que a festa nos dava.
A festa era sinónimo de côr, de música, de pessoas alegres e bem dispostas, agora tenho um filho, agora é a minha vez de o mostrar a festa, de criar rituais e tradições, de o mostrar as carroças feitas à mão, dos galinhos de açúcar, das flores no chão, da verdadeira festa.
Este ano com muita pena nossa não fomos, um imprevisto estragou-nos os planos para o dia, mas para o ano ele poderá escolher a sua carroça. Entretanto, montei-lhe o arraial que eu não sou mulher de deixar passar uma festa em branco.
Bem, hoje estou numa azáfama que nem vos conto. É que amanhã o pequeno ananás irá experienciar a sua primeira papa.
Já era para ter começado mas, o pai achou que era melhor aos cinco meses. A mãe achava que seria na hora e dia que a pediatra dissesse e que foi aos quatro. Para não haver brigas que originasse "esvorciamento" e porque somos uma família muito democrata decretamos os quatro meses e meio para a introdução da primeira papa.
Hoje estive nos preparativos para este grande marco das nossas vida. Marcar cabeleireiro, escolher vestido, fato do pai para a lavandaria, escolha das jóias e dos sapatos. Uma azáfama séria.
Adiei a marcação do cabeleiro quase para o último dia e devido aos inúmeros casamentos quase que não tinham vaga. O único espaço que tinham era hoje às dez da noite. Já me tinha capacitado de que iria dormir sentada na poltrona para não me esmagar a banana quando me ligaram a dizer que amanhã às 05:15 a.m conseguiam me atender.
Vou optar por um clássico, banana e para não ficar lambida à frente quero dois caracóis de babyliss em cada orelha.
O vestido, lindíssimo, comprei ainda estava grávida. Já sabia que estes dias iriam ser infernais.
Optei, também, pelos sapatos. Quis compensados por serem mais confortáveis é que agora dou muita importância ao que é prático, à simplicidade ao "less is more".
Hoje, parte da manhã foi a treinar as poses para as fotos da primeira colherada. Treinei para ficar igual à modelo só que com um prato de papa e colher a fingir de aviãozinho.
O pai ainda disse que achava melhor contratarmos o Primeiro AMOR para a sessão fotográfica e eu disse :
" Lá estás tu com os teus projectos megalómanos, isto é só a primeira papa... Calma.
Não vamos tornar isto mais do que é... Vamos levar as coisas com simplicidade.
Por acaso já foste buscar o teu fato à lavandaria?!"
O pai irá com um fato simples, muito sóbrio, coisa para lembrar o dia.
E a criança?
A criança vai "incoura" que ele vai se cagar todo e não há necessidade que agora já faz calor e também é só a primeira papa... Não é o casamento dos príncipes de Inglaterra!!
Por momentos achei que o Sr Santo Cristo tinha saído à rua, mas depois percebi que era só o meu filho com cólicas...
Vulgarmente falando, peidos, são peidos senhor!!
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