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A maternidade abordada em tom humorístico, no meio do Atlântico, por um casal em que a experiência neste mesmo assunto é nula. O objectivo é relativizar o difícil e complicado e rir, rir muito...
Ainda em relação à papa e em dia de Brexit, podemos falar em papexit!!
Os dias a seguir à primeira papa foram, francamente, melhor. A papa era dividida entre mim e o pai até que chegou ao dia que teve de ser só a mãe a dar... E não é que o safado depois de três colheradas, nova papa, desta vez mais líquida, recusou categoricamente. Chorou de cara colada à cadeira e recusou a papa da mão da sua mãe, da mãe que o gerou durante tão estafantes nove meses.
Dei um desconto e não me pus em causa, poderia ser por mil e uma razão, não ter feito cócó e estar mal disposto, não ter fome...enfim.
Ontem o pai é que o deu... O safado comeu como se nada fosse!!
Que belo cagalhão de mãe me fui sair, que nem a papa consigo dar ao meu filho.
Mãe cagalhão vs pai campeão.
Fui banida da união da papa.
Papexit!!
Agora parece que é a dois em vez de a três.
Não mostrei o meu ressabiamento logo à primeira.
Quando os meninos terminaram lá fui eu dizer:
"Muito bem, menino João Maria, comeu a papa toda e muito bem, senhor pai. Estão os dois de parabéns."
Deduzo que quando proferia estas palavras já me tinha transformado nisto...
De tão ressabiada que estava. Mas, sempre em modo fashion, que eu não sou mulher de me ir a baixo.
Quando o pai desapareceu de cena, fui, ainda em modo cagalhão, de mala vermelha e meia de rede falar com o João Maria.
" Muito bem JM, gostaste da papinha?? Gostaste?
Hás de pedir a teu pai para te dar maminha também, a ver se ele dá...
Deixa-me por um perfumezinho nesta casa que isto cheira a cócó que revira."
Moral da história:
A ansiedade levou-me a melhor e o miúdo deve perceber que a mãe não está no seu melhor. É assim, os miúdos captam e bebem todo o tipo de energias.
Sou a mãe que o faz rir como ninguém, que o retira as melhores e mais vivas gargalhadas e a mãe que não o consegue fazer comer...
E então como correu a primeira papa?!
Mal!!
O rapaz arrepiava-se todas as vezes que levávamos a colher à boca e o meu entusiasmo inicial passou rapidamente para uma irritação nervosa.
Eu super concentrada de prato na mão a fazer beicinho e careta sempre que lhe levava uma colher e ele na sua espreguiçadeira a balançar-se super bem disposto, mas a cuspir papa por todos os lados. Num dos seus balanços frenéticos lá conseguiu acertar em cheio com o seu maravilhoso pé no prato da papa... Lá se foi a papa para a casa do Car...
Eu até sou uma pessoa bem disposta, positiva e tudo e tudo e tudo, mas comecei a ver a minha vida toda a andar para trás.
"João Maria!!! Possas, a casa toda limpa, tudo escabelado e tu a lançar papa que nem reboco?!?"
Nova papa, desta vez mais espessa. Meia dúzia de colheradas em que não se percebe bem o que é que vai para fora e o que é que vai para dentro e a boa disposição do rapaz foi-se.
Pronto, finito. Directo para a banheira que o que ele tinha na pescoceira dava para alimentar trinta crianças na Etiópia.
Não gostas da papa João Maria?! Não gostas?!!
Eu também não gosto de muita coisa João Maria.
Eu não gasto de empatar com a Áustria e muito menos com a Islândia. Eu não gosto da lágrima tatuada na cara do Quaresma, é muito estúpido e parvo tatuar uma lágrima na cara.
Eu não gosto que o Paulo Portas vá trabalhar para a Mota Engil nem que percam tempo em mudar o cartão de cidadão para cartão de cidadona.
Eu não gosto de saber que existe no nosso planeta uma pessoa chamada Donald Trump e o que é que eu posso fazer João Maria?
Nada!!
Por isso trata de me comer a papa toda e de preferência em menos de uma hora.
Uma hora nisso. Uma hora!! E eu que vivia num mar de rosas...
Bem, hoje estou numa azáfama que nem vos conto. É que amanhã o pequeno ananás irá experienciar a sua primeira papa.
Já era para ter começado mas, o pai achou que era melhor aos cinco meses. A mãe achava que seria na hora e dia que a pediatra dissesse e que foi aos quatro. Para não haver brigas que originasse "esvorciamento" e porque somos uma família muito democrata decretamos os quatro meses e meio para a introdução da primeira papa.
Hoje estive nos preparativos para este grande marco das nossas vida. Marcar cabeleireiro, escolher vestido, fato do pai para a lavandaria, escolha das jóias e dos sapatos. Uma azáfama séria.
Adiei a marcação do cabeleiro quase para o último dia e devido aos inúmeros casamentos quase que não tinham vaga. O único espaço que tinham era hoje às dez da noite. Já me tinha capacitado de que iria dormir sentada na poltrona para não me esmagar a banana quando me ligaram a dizer que amanhã às 05:15 a.m conseguiam me atender.
Vou optar por um clássico, banana e para não ficar lambida à frente quero dois caracóis de babyliss em cada orelha.
O vestido, lindíssimo, comprei ainda estava grávida. Já sabia que estes dias iriam ser infernais.
Optei, também, pelos sapatos. Quis compensados por serem mais confortáveis é que agora dou muita importância ao que é prático, à simplicidade ao "less is more".
Hoje, parte da manhã foi a treinar as poses para as fotos da primeira colherada. Treinei para ficar igual à modelo só que com um prato de papa e colher a fingir de aviãozinho.
O pai ainda disse que achava melhor contratarmos o Primeiro AMOR para a sessão fotográfica e eu disse :
" Lá estás tu com os teus projectos megalómanos, isto é só a primeira papa... Calma.
Não vamos tornar isto mais do que é... Vamos levar as coisas com simplicidade.
Por acaso já foste buscar o teu fato à lavandaria?!"
O pai irá com um fato simples, muito sóbrio, coisa para lembrar o dia.
E a criança?
A criança vai "incoura" que ele vai se cagar todo e não há necessidade que agora já faz calor e também é só a primeira papa... Não é o casamento dos príncipes de Inglaterra!!
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